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  • Foto do escritorFarmácia Jr. Consultoria UFMG

Desvendando a febre: Por que ela aparece e o que você deve saber?



A busca incessante por compreender os mistérios que nos rodeiam sempre impulsionou a evolução da sociedade ao longo dos anos. É através dessa inquisição que encontramos respostas para os questionamentos recorrentes da vida cotidiana. Aposto que você já deve ter se perguntado algumas vezes de onde vem a febre, e porque ela acontece, essa é uma dúvida extremamente comum, especialmente porque é um sintoma prevalente em diversas enfermidades que acometem a população. Sendo assim, é provável que você já tenha experimentado esse desconforto em algum momento da sua vida. 


No post de hoje, vamos explorar um pouco mais sobre a origem da febre e os motivos pelos quais ela ocorre. Além disso, veremos a atuação dos medicamentos no controle desse sintoma. Se você deseja aprofundar seus conhecimentos sobre esse tema, chegou a hora de pegar uma xícara de café e se aconchegar em um lugar confortável, porque vamos fazer uma incrível viagem pelo corpo humano.


Hipertermia versus febre 


Durante muito tempo esses termos foram utilizados como sinônimos, atualmente com uma visão mais ampla e maiores estudos sobre o tema, sabemos que divergem quanto a atuação terapêutica e significado. Vamos ver mais a frente que a febre é caracterizada como uma resposta biológica presente nos animais superiores, ordenada e controlada, e funciona como um combate a uma agressão ou doença, que ocorre por meio do aumento da temperatura corporal.  

Agora que já entendemos o que é febre, é importante ressaltar que existem condições em que a temperatura se eleva de modo desregulado, sem que ocorra alteração do ponto de regulagem (set point) do centro hipotalâmico, com uma dissipação inadequada do calor ou defeito da termorregulação. Essa condição é chamada de hipertermia, e é causada por fatores externos que podem ser variados, tais como exposição a altas temperaturas do ambiente, disfunções do sistema nervoso autônomo, lesões hipotalâmicas, utilização excessiva de agasalhos, gerando um sobreaquecimento, excesso de atividade musculoesquelética (prática de atividade física intensa). Sendo assim, não existe mediação por agentes pirogênicos e, de modo geral,  não apresentam resposta quando usado antipiréticos (antitérmicos).


Está ficando quente por aqui..


É muito importante ter em mente que a febre é uma reação fisiológica complexa, e a tentativa do post é simplificar e entregar um esquema mais acessível do seu mecanismo, mas antes disso é

importante ressaltar o passo a passo desse processo. Mas e aí? O que é a febre e qual é a sua origem? Segundo a International Union of Physiological Sciences Commission for Thermal Physiology, a febre é caracterizada como um aumento da temperatura central, que, de forma frequente é considerado parte da resposta de defesa do organismo quando entra em contato com matéria viva (microorganismos), ou

inanimada, e o hospedeiro reconhece esse contato como uma invasão que pode provocar doença (nociva) ou estranha podendo ser danosa à saúde do indivíduo. Esse quadro pode levar a vários agravantes clínicos. Sendo assim, temos uma espécie de alerta do nosso sistema de defesa que auxilia a nossa proteção.

Várias substâncias exógenas (de fora do organismo) são capazes de alterar a temperatura corporal,

a essas substâncias damos o nome de pirógenos, podendo iniciar o ciclo de febre, quando se trata de microrganismos invasores, as endotoxinas das bactérias gram-negativas se destacam a nível de potência. Essas substâncias por sua vez estimulam a células responsáveis pela defesa do organismo (como os monócitos e macrófagos) que estão fixados a tecidos a produzir e liberar quimiocinas pró inflamatórias, como as interleucinas (IL-1, IL-6), interferons beta (IFN-β) e gama (IFN-γ), e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), sendo IL-1 a mais importante. Essas substâncias exercem um papel estimulando a produção de prostaglandinas (PGE2) na área pré-óptica do hipotálamo (região do cérebro responsável pelo controle da temperatura). A PGE2 aumenta adenosina 3',5'-monofosfato cíclico (AMPc) e faz com que o ponto de ajuste (set-point) do centro termorregulador do hipotálamo se eleve, e como consequência de todo esse processo ocorre uma estimulação da produção de calor.


Vamos esfriar a febre: entenda o mecanismo e tratamento!


Em suma, vimos que a regulação da temperatura corporal é um processo complexo que envolve

um equilíbrio delicado entre a produção e a perda de calor. O hipotálamo desempenha um papel fundamental nesse processo, regulando o ponto de ajuste ajudando a manter a temperatura corporal, e

em condições febris, esse ajuste encontra-se desregulado. Mas agora surge outra dúvida, como o medicamento entende onde está a febre?


Terapia

Uma classe de medicamentos que tem ação antipiréticaso os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE), que têm o papel de normalizar o equilíbrio do termostato humano.


Classificação e Mecanismo de Ação dos AINE

Os AINE terão um importante papel suprimindo a resposta febril ao inibir a síntese de PGE2 através da inibição da enzima ciclooxigenase que é responsável por converter o ácido araquidônico em prostaglandinas E2 e tromboxano A2. Os AINE são classificados em não seletivos e seletivos da COX-2. Os não seletivos atuam inibindo tanto a COX-1 quanto a COX-2, o que pode resultar em diversos efeitos adversos, como redução da citoproteção gástrica, podendo levar a úlceras, e diminuição da agregação plaquetária, podendo causar hemorragias. Por outro lado, os inibidores seletivos da COX-2 atuam apenas na COX-2, responsável pela inflamação, dor e febre. O ácido acetilsalicílico, por exemplo, possui maior afinidade com a COX-1 e inibe de forma irreversível tanto a COX-1 quanto a COX-2, enquanto outros AINE são inibidores competitivos reversíveis da ciclooxigenase. A duração de ação desses fármacos está relacionada à depuração farmacocinética do organismo.


Referências Bibliográficas:


  1. Farmacologia Clínica: Fundamentos da terapêutica racional. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, [S. l.], v. 42, n. 4, p. 616–617, 2006. DOI: 10.1590/S1516-93322006000400020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rbcf/article/view/44174.. Acesso em: 9 abr. 2024.

  2. 1. BRUNTON, Laurence L. (Org.). As Bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. 13. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019 ISBN 9788580556148. Acesso em: 9 abr. 2024.

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