A medicina popular é uma prática presente desde os primórdios da humanidade, quando as plantas já eram utilizadas com o objetivo de curar doenças. Apesar dos avanços e tecnologias farmacêuticas das últimas décadas, esse conjunto de saberes tradicionais ainda tem importância na atualidade. Continue lendo para entender mais sobre essa prática milenar!
A cultura da medicina popular
Você provavelmente já tomou algum chá para aliviar uma dor de barriga ou tratar o mal-estar causado por um resfriado, certo? Essa técnica de se utilizar plantas para a melhoria da saúde é conhecida como Fitoterapia. Estima-se que 80% da população mundial utiliza práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde, sendo a fitoterapia a mais difundida.
No Brasil, o uso de ervas medicinais tem bases na prática indígena, que, influenciada pela cultura africana e portuguesa, gerou uma vasta cultura popular que foi repassada ao longo dos anos e até hoje é bastante difundida.
As plantas medicinais ainda são uma importante base para pesquisa farmacológica e desenvolvimento de muitos medicamentos. Aproximadamente 40% dos medicamentos disponíveis atualmente foram desenvolvidos direta ou indiretamente a partir de fontes naturais.
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Reconhecimento da prática na sociedade
Na década de 1970, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou o Programa de Medicina Tradicional, recomendando aos países que desenvolvessem políticas públicas para promover a integração da medicina tradicional e da medicina complementar alternativa nos sistemas de saúde, assim como promover o uso racional dessa integração.
Nesse sentido, nas últimas décadas o Brasil desenvolveu programas, regulamentos e recomendações sobre plantas medicinais. Em 2006, foi instituída a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que propôs incluir no Sistema Único de Saúde (SUS) as plantas medicinais e fitoterápicas além de outras práticas integrativas, como: homeopatia, medicina tradicional chinesa/acupuntura e termalismo social/crenoterapia. A Portaria nº 886, de 20 de abril de 2010 do Ministério da Saúde instituiu a Farmácia Viva no SUS, abrangendo o cultivo e beneficiamento de plantas medicinais e a disponibilização de fitoterápicos na forma de preparações farmacêuticas para toda a população.
Atualmente, aproximadamente 350 municípios brasileiros oferecem para os usuários da rede de saúde ações e serviços com plantas medicinais e outras práticas tradicionais. Numa população com baixo acesso a medicamentos, como a brasileira, agregar o conhecimento científico a essa prática terapêutica traz inúmeras vantagens, como preservação e valorização dos saberes tradicionais, estímulo à produção local de plantas e a garantia de serviços e produtos de qualidade, seguros e acessíveis a toda população.
Plantas medicinais podem fazer mal?
Muitas pessoas acreditam que por serem de origem natural, as práticas de medicina popular não causam malefícios a saúde. Mas o uso em excesso ou inadequado de produtos naturais pode causar problemas como intoxicação, efeitos colaterais e até mesmo interações indesejadas com outros medicamentos. É importante buscar orientação adequada com o médico ou o farmacêutico, para que essa utilização seja segura e traga apenas benefícios. Pensando nisso, a Faculdade de Farmácia da UFMG produziu uma cartilha com informações sobre plantas medicinais, que pode ser consultada aqui.
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É comum que as pessoas utilizem os produtos vegetais baseando-se nas informações da mídia. No contexto da pandemia do novo coronavírus, muitas notícias falsas foram propagadas, principalmente pela internet. Houve divulgação de diversos chás e receitas caseiras como formas de prevenção e tratamento da COVID-19. É importante avaliar a qualidade da informação recebida, principalmente nesse momento crítico. Uma das melhores formas de fazer isso é consultando fontes confiáveis sobre o assunto, como por exemplo, o Ministério da Saúde (MS). Confira a página de combate a fake news do MS neste link.
A medicina popular e os conhecimentos tradicionais representam o senso comum e a cultura do povo, conectam o ser humano à natureza e possibilitam o cuidado à saúde de maneira mais natural e acessível.
Se você ficou curioso para entender mais sobre outras práticas tradicionais além da fitoterapia, confira o nosso post sobre as Práticas Integrativas e Complementares (PICs)!
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